Todos os dias, desde Dezembro, vários voluntários têm acordado às 3h da manhã para retirar cães do abrigo e colocarem-nos em comboios, que por vezes ficam a dias de distância, para que possam ser salvos de morte certa.
Buriácia, é uma república russa no este da Sibéria, e em Novembro, tornou-se a primeira região da Rússia a adoptar leis que restabelecem os abrigos onde se permite eutanasiar animais, com o objectivo de controlar a população de animais errantes. Esta aprovação da lei, vem seguida da aprovação de Putin de uma lei que dá poder às autoridades regionais de decidirem sobre este assunto de forma independente.
As novas regras permitem que as autoridades de Buriácia instalem “abrigos temporários”, um conceito pouco preciso, onde os animais errantes que sofrem de doenças, cães considerados “socialmente perigosos” e os que não são procurados há 30 dias podem ser eutanasiados.
Tal decisão levou a que vários voluntários da Sobaka Schastya (ou fundação “Cão da Felicidade”), se juntassem, e todos os dias, levam cães aterrorizados e subnutridos ao colo para a estação de comboios de Ulan-Ude para que estes tenham uma segunda chance de vida. São mais de 3000 cães que estavam nos abrigos da região.
Daria Zaitseva, directora da fundação, partilha “Quase todas as evacuações são assim, muitos cães têm medo, muitos estão fracos, e é a primeira vez deles nestes ambientes. Têm medo de comboios”, e explica “Por isso temos de levar a maioria dos cães ao colo”.
A fundação já conseguiu tirar 150 cães da Buriácia, sendo que alguns patudos conseguiram encontrar família em sítios longe, como a Suíça. Para tal, está montada uma rede de canais de Telegram para alojar os patudos algures no país.
Apesar dos vídeos se tornarem virais, e destes terem aumentado a taxa de adoção, a diretora não deixa de expressar preocupação que esta seja só uma fase e que não haja dinheiro suficiente ou ainda mãos suficientes para cuidar dos que ainda estão no canil, muito menos para retirar todos.
Nargiza Muminova, gestora do canil Ananda explica, “Em Buriácia temos um problema com animais errantes porque as pessoas vivem, na sua maioria, em casas próprias, mas não há cultura de tratar os animais com responsabilidade e ninguém está a trabalhar junto da população para mudar isso”. Com alguma esperança de os salvar, a gestora tem registado os cães que restam como sendo empregados do canil para os livrar da eutanásia.
Há mais três regiões que seguiram os passos de Buriácia e implementaram leis que permitem a morte de animais – alguns com períodos mais curtos, 11 dias depois de capturados.