Bobi, o cão mais velho do Mundo, nasceu há no dia 11 de Maio de 1992 em Conqueiros, uma aldeia do concelho de Leiria. Em casa já havia vários cães e, naquela época, o destino da ninhada era a morte, segundo Leonel Costa.
Bobi ficou escondido no meio da lenha e escapou ao mesmo fim dos seus três irmãos. Quando se deu conta que tinha sobrado um cão, o seu tutor escondeu-o, o que lhe valeu um valente sermão quando os seus pais descobriram. “Mas valeu a pena”, contou no passado sábado à Lusa, enquanto aguardava por cerca de uma centena de convidados, muitos de vários pontos do mundo.
“Foi aqui que o Bobi sempre viveu e quisemos que a festa de aniversário fosse no seu espaço. Não vou alterar nada. Só tratei que ficasse tudo mais bonito e garantir que o Bobi tivesse os seus pratos favoritos”, revelou.
Por isso, na ementa de hoje não faltou a dourada e o porco no espeto. “Só não gosta de esparguete à bolonhesa.”
Desafiado pelo Guinness a realizar uma festa, Leonel Costa exigiu que fosse em casa. “Não pôde ser no seu dia de aniversário, porque alguns veterinários estrangeiros queriam estar presentes e não podiam vir na quinta-feira”, explicou.
Convidados internacionais e pessoas inscritas para conhecer Bobi
“Pelo Bobi vale tudo. Ele merece. Se não fosse o Guinness tinha realizado uma festa só para os amigos, mas assim vieram pessoas de todo o mundo. Tenho pessoas inscritas para conhecer o Bobi até junho”, realçou, elogiando aquele que considera um “um anjo”, que “não é um cão nada protetor”, já que “se alguém entrar em casa, ele deixa. É muito sociável, é um doce e adora animais e pessoas.”
Dois veterinários internacionais presentes na festa, em Leiria, admitem que o segredo da longevidade do cão está na comida de humano, liberdade e uma vida social rica.
Na ótica de Karen Becker, uma veterinária americana, o segredo da longa vida do animal estará precisamente na comida fresca e diversificada, “boa comida de humano”, que Leonel lhe prepara diariamente, “sem conservantes ou ingredientes sintéticos que não foram altamente processados e com uma quantidade abundante de diferentes nutrientes”.
A juntar a uma boa alimentação está também “uma vida sem grande stress”. “O Bobi tem a floresta e um jardim bonito todos os dias, onde ele próprio seleciona ervas e vegetais que gostaria de comer e faz exercício diariamente.
Karen Becker testou a microbiota e realizou testes de DNA através de saliva, cujos resultados ainda não estão disponíveis. O objetivo é perceber a razão de alguns cães ter uma “vida extremamente longa”.
“O laboratório dos Estados Unidos analisou a bactéria da microbiota e basicamente disse que, comparado às centenas e milhares de amostras que analisaram ele era um ‘unicórnio’. Tinha mais colónias e diversificadas comparativamente com todos os cães que já viram. Quando perguntámos aos microbiologistas a que é que atribuíram essa diversidade, acreditam estar relacionada com a sua dieta”, revelou.
A especialista admitiu que está “obcecada” por entender como poderá fazer os cães viver mais tempo de forma intencional. “O que descobrimos, depois de falar com mais seis donos dos cães mais velhos do mundo, é que todos têm variáveis comuns. Todos alimentam os seus cães com comida variada e feita em casa. Os cães não comem comida de cão. Todos eles podem estar ao ar livre e fazer muito exercício. Têm uma vida com pouco ‘stress’, pouca exposição a químicos, como pesticidas e consomem poucos medicamentos veterinários”, afirmou.
Uma das vantagens, sublinhou, é a vida social “muito rica” de Bobi, que se encontra com muitos cães quando vai passear.
Peter Dobias, um veterinário do Canadá, foi outro dos convidados. “Vim, talvez por isto ser histórico. É um evento inspirador para todos, porque todos desejamos ter uma vida longa e queremos que os nossos cães vivam o máximo possível, tendo uma boa vida”, afirmou à Lusa.
Foto: Guiness World Record