Na China, uma nova tendência está a ganhar força: animais de estimação “trabalham” em cafés. Estes estabelecimentos permitem que os clientes interajam com cães e gatos que circulam livremente, enquanto os donos dos animais recebem gorjetas.
Esta inovação tem vindo a crescer no país, onde a interação com pets em cafés se torna cada vez mais popular.
Jane Xue, uma estudante de doutoramento, é uma das muitas pessoas a aderir a esta tendência. Recentemente, levou a sua cadela Samoieda, chamada OK, para trabalhar num café para cães na cidade de Fuzhou. “Senti-me como uma mãe a levar a filha à escola”, disse Jane ao deixar OK no seu novo “emprego”. Para Jane, esta oportunidade oferece uma vida mais ativa para o seu animal e ajuda a evitar a solidão, uma vez que os fins de semana da família costumam ser preenchidos com outras atividades.
Os clientes pagam para passar tempo com os animais que vivem nestes espaços. Para frequentar um café com animais, o visitante pode pagar uma taxa de entrada (entre 30 e 60 yuan, o equivalente a 4-8 euros) ou fazer um pedido, como um café. O conceito de animais de estimação “trabalharem” nos cafés, seja em período integral ou meio período, não só oferece companhia e diversão para os clientes, mas também gera uma fonte de renda para os donos dos animais.
O fenómeno, chamado de “Zhengmaotiaoqian”, que se traduz como “ganhar dinheiro de lanche”, descreve a forma como os animais podem contribuir financeiramente para as suas famílias, ao “trabalharem” em cafés.
Nem todos os animais têm a mesma sorte ao procurar um emprego. Xin Xin, uma professora em Pequim, tenta arranjar trabalho para o seu gato Zhang Bu’er, um felino preto e branco. Apesar de ter publicado o “currículo” do gato numa rede social chinesa, ainda não conseguiu encontrar um café interessado em contratá-lo. Ela descreve Zhang Bu’er como um “gato carinhoso e especialista em ronronar”, mas, até agora, os cafés ainda não responderam ao seu anúncio.
Para Xin, além de aliviar o tédio do gato, um trabalho poderia ajudá-lo a gastar energia e a contribuir com os custos mensais de alimentação, que rondam os 500 yuan (cerca de 70 euros).
Desde a abertura do primeiro café de gatos na China, em 2011, o número destes estabelecimentos tem crescido exponencialmente, aumentando cerca de 200% ao ano. Hoje, existem mais de 4.000 cafés de gatos em todo o país. O sucesso destes negócios é visível nas redes sociais chinesas, onde os proprietários discutem o “salário” dos seus felinos empregados, que geralmente é pago em latas de comida ou petiscos.
Os donos de cafés procuram animais saudáveis e de bom temperamento, oferecendo recompensas como lanches diários e descontos para os donos dos pets.
A tendência dos pets trabalhadores não só reflete uma mudança cultural, como também responde ao aumento do número de animais de estimação no país. De acordo com previsões, a China terá mais animais de estimação do que crianças até ao final de 2024, destacando a importância crescente dos animais nas famílias chinesas.
A prática de “empregar” animais de estimação em cafés na China é uma combinação única de entretenimento, renda extra e bem-estar animal. À medida que o conceito continua a ganhar popularidade, ele sublinha a forte ligação que as pessoas têm com os seus animais e a importância de encontrar novas formas de integrar os pets no dia-a-dia, seja através de trabalho ou de experiências que envolvam socialização e interação.