Uma iniciativa pioneira em Portugal, estudantes de medicina veterinária do Instituto Universitário de Ciências da Saúde (CESPU) terão a oportunidade de acompanhar processos de abate de animais em matadouros, fruto de um protocolo celebrado entre a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), universidades e empresas do setor de carnes.
Este acordo visa aproximar os alunos da prática da segurança alimentar, uma área crucial e carente de profissionais, oferecendo uma formação mais abrangente e realista.
A diretora-geral da DGAV, Susana Pombo, explica que o protocolo traz uma nova dimensão para os alunos, aproximando-os de uma área que, embora essencial para a segurança alimentar, atrai poucos profissionais. “A grande maioria dos alunos deseja trabalhar na clínica de pequenos animais, mas temos uma grande necessidade de veterinários na área de segurança alimentar para executar controlos oficiais de acordo com as normas da União Europeia”, afirma Pombo.
Este protocolo inovador permitirá que os estudantes observem, em primeira mão, os processos e requisitos de inspeção e controlo em matadouros, incluindo a inspeção obrigatória das carcaças por um profissional de saúde, sempre um médico veterinário.
Além de permitir que os estudantes compreendam o papel de cada entidade nos processos de segurança alimentar, esta experiência coloca-os em contacto direto com técnicos e profissionais do setor. “Enquanto realizamos o nosso controlo, os alunos acompanham o processo e compreendem melhor o papel de cada entidade envolvida. Isso é essencial para que possam atuar futuramente nesta área com a competência e o conhecimento necessários”, explica Pombo.
Nuno Vieira e Brito, professor na CESPU, destaca a importância desta formação prática para os alunos que, em sua maioria, têm um perfil urbano e desconhecem o impacto da produção animal na saúde pública e no setor económico. “Queremos oferecer aos alunos uma experiência que vá além da teoria, permitindo-lhes perceber as reais necessidades do setor de carnes, desde a qualidade até a segurança alimentar”, sublinha.
Com a parceria de sete empresas do setor das carnes, o protocolo oferece uma abordagem prática que amplia a visão dos estudantes, preparando-os para lidar com os desafios do mercado e incentivando novas vocações para a segurança alimentar.
Para o setor veterinário e alimentar, este protocolo representa um avanço significativo na formação dos futuros profissionais e um passo essencial na garantia de segurança para o consumidor. Além de suprir a falta de profissionais na área, a iniciativa reforça a importância de assegurar que o percurso formativo dos estudantes seja o mais completo possível, integrando teoria e prática de forma inovadora e comprometida com a saúde pública.